sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Estamos em crise?



Imagem: www.ufrgs.br
             

                É inevitável, mas o assunto nos jornais, revistas, TV e internet não é outro senão a atual crise financeira.
            Quase que de forma terrorista, os mais pessimistas nela colocam sua dose extra de sensacionalismo, atribuindo ao governo, ao clima, e até à fé a atual crise que estamos vivenciando.
                    Mas eu não quero falar dessa crise.
            A crise que vou apontar aqui nesse modesto “artigo” já existe há muitos anos, e talvez ainda não tenhamos nos dado conta disso.
            Devastadora, prejudicial e danosa, esse tipo de crise é muito difícil de acabar, e, no entanto, parece que não nos preocupamos tanto com ela.
                 Essa crise pode receber muitos nomes, dependendo da visão que cada um tem, dos valores éticos que cultiva.
                Estamos em plena crise moral, e apesar disso, nos preocupa muito mais a crise financeira do que a crise da moralidade que existe dentro de muitos ambientes dos quais fazemos parte. Seja no trabalho, na vizinhança, na rua, nas escolas, até nas igrejas e entidades, e parecemos um pouco “cegos” ou incapazes de reconhecê-la.
            Alguns exemplos vou citar baseados na minha experiência empírica, no que vivencio no meu dia-a-dia.
            Um primeiro exemplo: o paciente que espera por uma consulta ou exame durante algum tempo, e no dia marcado, simplesmente não comparece, não avisa, pouco se importando se poderia ter dado um simples telefonema e assim passado essa vaga para outra pessoa.  A essa crise eu daria o nome de “crise da indiferença”.
            Ela está também na pessoa que falsifica um atestado de trabalho para conseguir algum benefício do governo, mesmo tendo condições financeiras invejáveis, e pensa que “não está a cometer nenhum crime, afinal todos fazem...”. Essa poderia se chamar “crise da ética”
                 Eu a vejo também na mãe ou pai que mesmo não trabalhando fora, consegue uma vaga na creche, e lá deixa seu filho o dia todo, tirando a vaga de mães que realmente trabalham e tanto necessitam dessas vagas. A essa crise eu chamo de “crise de maternidade”.
              Há outra crise pior também, que vem pela força do exemplo (mau exemplo, melhor), de pais que jogam o lixo pela janela do carro, xingam perto dos filhos pequenos, não usam uma palavra de gentileza, deixam os filhos expostos à TV e internet sem observar os assuntos que andam tendo acesso, totalmente omissos e ainda colocando nas “costas” da escola o dever “de educar seus filhos”. Eu chamaria essa crise de “crise dos valores familiares”.
                 Existe ainda a crise de se fazer “bondade” com chapéu alheio.
            Sim, isso existe, e para os incautos, a pessoa adquire imagem do  exemplo da “santidade e bondade em pessoa”.
            Consegue-se alguma vantagem no serviço público para um amigo, parente ou eleitor, e a propaganda feita é: “ viu, EU consegui prá você!”.
            Essa é a crise mais nojenta, nociva e vergonhosa que eu reconheço. É a crise que eu chamaria de “crise da falta de moralidade, de ética e caráter”. A crise da politicagem suja.
            Existem ainda dezenas (talvez centenas) que eu poderia citar, mas não caberiam nesse simples artigo.
            Talvez herança que alguns de nós tenhamos herdado de  pessoas que deveriam ser para nós exemplos (pais, patrões, governos, líderes religiosos, etc...) vamos acostumando-nos a vivenciar esses tipos de crise, e acabamos por achar tudo normal, não enxergando o quanto prejudicial pode ser. Até acredito que alguns cometem algum erro por puro desconhecimento, por inocência, mas a grande maioria, infelizmente, é por pura falta de decência mesmo.
            Espero que esse artigo não seja apenas para proclamar ainda mais frustração e apatia em nosso coração, mas que ele sirva de ponto de reflexão  de que é possível mudarmos os “rumos” de nossa cidade, estado, país, e até o mundo!
             Sim, nós temos a oportunidade, nos tornando bons exemplos para nossos filhos, netos, sobrinhos, afilhados, alunos, empregados, patrões, amigos, enfim, todos à nossa volta.
            Talvez os efeitos não sejam visíveis em curto prazo, mas se plantarmos essa semente no coração das novas gerações, temos a esperança de que essa “árvore” produzirá bons frutos!.
            Eu acredito nisso, e você?