É
inevitável, mas o assunto nos jornais, revistas, TV e internet não é outro
senão a atual crise financeira.
Quase que de forma terrorista, os
mais pessimistas nela colocam sua dose extra de sensacionalismo, atribuindo ao governo, ao clima, e até à fé a atual crise que estamos vivenciando.
Mas eu não quero falar dessa crise.
A crise que vou apontar aqui nesse
modesto “artigo” já existe há muitos anos, e talvez ainda não tenhamos nos dado
conta disso.
Devastadora, prejudicial e danosa,
esse tipo de crise é muito difícil de acabar, e, no entanto, parece que não nos
preocupamos tanto com ela.
Essa crise pode receber muitos
nomes, dependendo da visão que cada um tem, dos valores éticos que cultiva.
Estamos em plena crise moral, e
apesar disso, nos preocupa muito mais a crise financeira do que a crise da
moralidade que existe dentro de muitos ambientes dos quais fazemos parte. Seja
no trabalho, na vizinhança, na rua, nas escolas, até nas igrejas e entidades, e
parecemos um pouco “cegos” ou incapazes de reconhecê-la.
Alguns exemplos vou citar baseados
na minha experiência empírica, no que vivencio no meu dia-a-dia.
Um primeiro exemplo: o paciente que
espera por uma consulta ou exame durante algum tempo, e no dia marcado,
simplesmente não comparece, não avisa, pouco se importando se poderia ter dado
um simples telefonema e assim passado essa vaga para outra pessoa. A
essa crise eu daria o nome de “crise da indiferença”.
Ela está também na pessoa que
falsifica um atestado de trabalho para conseguir algum benefício do governo,
mesmo tendo condições financeiras invejáveis, e pensa que “não está a cometer
nenhum crime, afinal todos fazem...”. Essa poderia se chamar “crise da ética”
Eu a vejo também na mãe ou pai que
mesmo não trabalhando fora, consegue uma vaga na creche, e lá deixa seu filho o
dia todo, tirando a vaga de mães que realmente trabalham e tanto necessitam
dessas vagas. A essa crise eu chamo de “crise de maternidade”.
Há outra crise pior também, que vem
pela força do exemplo (mau exemplo, melhor), de pais que jogam o lixo pela
janela do carro, xingam perto dos filhos pequenos, não usam uma palavra de
gentileza, deixam os filhos expostos à TV e internet sem observar os assuntos
que andam tendo acesso, totalmente omissos e ainda colocando nas “costas” da
escola o dever “de educar seus filhos”. Eu chamaria essa crise de “crise dos
valores familiares”.
Existe ainda a crise de se fazer
“bondade” com chapéu alheio.
Sim,
isso existe, e para os incautos, a pessoa adquire imagem do exemplo da “santidade e bondade em pessoa”.
Consegue-se alguma vantagem no
serviço público para um
amigo, parente ou eleitor, e a propaganda feita é: “ viu, EU consegui prá
você!”.
Essa
é a crise mais nojenta, nociva e vergonhosa que eu reconheço. É a crise que eu
chamaria de “crise da falta de moralidade, de ética e caráter”. A crise da
politicagem suja.
Existem ainda dezenas (talvez
centenas) que eu poderia citar, mas não caberiam nesse simples artigo.
Talvez herança que alguns de nós
tenhamos herdado de pessoas que deveriam
ser para nós exemplos (pais, patrões, governos, líderes religiosos, etc...)
vamos acostumando-nos a vivenciar esses tipos de crise, e acabamos por achar
tudo normal, não enxergando o quanto prejudicial pode ser. Até acredito que alguns
cometem algum erro por puro desconhecimento, por inocência, mas a grande
maioria, infelizmente, é por pura falta de decência mesmo.
Espero que esse artigo não seja
apenas para proclamar ainda mais frustração e apatia em nosso coração, mas que
ele sirva de ponto de reflexão de que é
possível mudarmos os “rumos” de nossa cidade, estado, país, e até o mundo!
Sim, nós temos a oportunidade, nos tornando
bons exemplos para nossos filhos, netos, sobrinhos, afilhados, alunos,
empregados, patrões, amigos, enfim, todos à nossa volta.
Talvez os efeitos não sejam visíveis
em curto prazo, mas se plantarmos essa semente no coração das novas gerações,
temos a esperança de que essa “árvore” produzirá bons frutos!.
Eu acredito nisso, e você?