sexta-feira, 25 de março de 2011

Devolva o peixe

    É inegável que nossa sociedade passa por uma crise moral e ética. Basta ligarmos a TV para assistir um verdadeiro "show de horrores", como escândalos na política, nas relações interpessoais e na convivência em sociedade. Existem até os chamados "reality shows" que colocam os telespectadores numa situação como se fossem verdadeiros "palhaços" assistindo um show de big bobeiras...
   Temos livre arbítrio, podemos sempre escolher entre o CERTO e o ERRADO, mas muitas vezes acabamos nos acostumando de tal forma com o ERRADO, que ele passa a se tornar, equivocadamente claro, o CERTO.
  Para ilustrar bem isso, quero compartilhar com vocês uma história que recebi de uma amiga, a Daniela.
  Talvez essas sejam as histórias que devamos passar para nossos filhos enquanto desligamos (sabiamente) a TV no chamado horário nobre.
  Precisamos urgentemente de filhos melhores para o mundo, já falei disso em meu blog. Se queremos um mundo de justiça, de paz, de respeito e amor ao próximo, comecemos transmitindo esses valores aos nossos filhos, enquanto eles ainda são pequenos.
 Espero que gostem dessa história tanto quanto eu.
 Valeu Daniela, obrigada amiga.

 DEVOLVA O PEIXE

  Jorge tinha onze anos e sempre ia pescar no cais próximo ao chalé da família.
  A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas Jorge e seu pai saíram no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.
  O menino amarrou uma isca e começou a arremessar. Logo o caniço vergou, e ele se deu conta que havia algo enorme na ponta da linha.
  O pai olhava com admiração, enquanto Jorge habilmente e com muito cuidado, retirava o peixe exausto da água. Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada, que ainda não havia começado.
  Enquanto apreciavam aquela beleza de peixe, o pai acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Pouco mais de dez da noite… Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da temporada.
  Seu pai então olhou para o peixe e depois para Jorge, e disse:
- Filho, você tem que devolvê-lo!
- Mas papai! – reclamou o menino.
- Vai aparecer outro – insistiu o pai.
- Não tão grande quanto este – choramingou Jorge.
  Jorge olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou novamente o triste olhar para o pai, porém ele sabia, pela firmeza em sua voz, que a decisão era inegociável. Mesmo não havendo ninguém por perto.
  Com cuidado, tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe rapidamente desapareceu.
  Naquele momento, Jorge teve a certeza de que jamais pegaria novamente um peixe tão grande quanto aquele.
  Trinta anos depois, o Chalé continua lá, e Jorge, um bem-sucedido arquiteto, leva seus filhos pra pescar no mesmo cais.
  Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite, porém, vê o mesmo peixe todas as vezes que se depara com uma questão ética.
 Como seu pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de CERTO e ERRADO.

Justamente o que desejo prá mim, é o que devo oferecer aos outros. Agir corretamente quando se está sendo observado, é uma coisa. A ética, porém, se revela quando agimos corretamente enquanto ninguém está nos observando.

Fiquem com Deus e até breve!